"Quem diabos é Jorge?"


Quem diabos é Jorge?

Jorge é meu amigo imaginário da infância. Eu me recordo de falar sobre ele quando criança, de me referir a ele, de me dirigir a ele etc. De modo muito verdadeiro. Mas, pra ser sincera, não tenho a mínima idéia de como ele era.

Lembro-me, sobretudo, do que a minha família me conta. Das nossas peripécias com Jorge.

Certa feita, estávamos, eu criança e minha pequena família, entrando apressados num carro de algum conhecido, para irmos não sei onde, quando eu muito gravemente pedi:

- “Espera, espera, gente; deixa Jorge entrar primeiro. Vai, Jorge!”

Eu sou filha única, como vocês já devem ter imaginado...





E por que cartas, se não há neste exíguo blog uma missiva sequer?

Um domingo à noite desses, momentaneamente emergi da minha “depressão pré-segunda-feira” para assistir a trechos da entrevista de José Castello no “Conexão Roberto D’Ávila”. José Castello é cronista e crítico literário, mas surpreende pela doçura de suas críticas, menos técnicas e mais apaixonadas. Nada ferozes, ao contrário do que sói comprazer aos críticos de carteirinha.

O entrevistado explicou, em outras palavras, que escreve como quem redige cartas a um amigo, para contar de algo apaixonante ou intrigante que tenha lido.

Dados os devidos créditos, vou descaradamente me apropriar da ideia, e escrever meus despretensiosos textos como quem manda cartas a um amigo. Ao Jorge. 

Espero escrever ao menos um post por semana, mas não garanto, porque tenho muita preguiça e pouco tempo. Nesta ordem.

Terminemos, pois, pelo princípio:

“Caro Jorge, meu amigo imaginário, saudações!

Escrevo sobre o que tenho visto, ouvido, sentido. Para recomendar, para elogiar, para compartilhar. Por vezes, somente para atender ao ímpeto de registrar o pouco que tenho vivido.

Você, meu bom amigo, há de gostar dessas linhas, se não pela (duvidosa) qualidade, pela satisfação de servir de paciente interlocutor a uma amiga de infância.

Saudades (de não estar só no mundo).

Hendye”


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A ilustração ao fundo é do artista Gervásio Troche, cartunista argentino.
Traços simples e idéias incríveis:
http://portroche.blogspot.com.br/


8 comentários:

  1. Que gracinha! Lembro-me bem de você contando do episódio do carro...

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    1. "Diz" que foi assim....rsrs.
      Que bom que gostou! Valeu! Bjs.

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  2. Amei, achei lindo seu blog! Eu também tinha um amigo imaginário e justamente lendo sua carta ao seu, lembrei do meu. Meu Dudu, com quem eu tanto conversava. Eu brincava quase sempre só e ele me fazia companhia. Ele era adotado, a familia dele o abandonou e foi adotado por uma mulher má(hj sei que ela na verdade neurótica). E eu era sua única amiga...nossa muito bom lembrar...eu tenho uma história com ele. estou me perguntando agora por onde ele anda. Talvez nunca me abandonou, pois ainda continuo a conversar com alguém...

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    1. Obrigada, Márcia!

      Pois é, o Jorge também sumiu na minha infância, mas agora foi resgatado no blog. Espero também que ele me resgate (quem sabe de mim mesma...).

      Mas, a história do seu amigo imaginário é rica em detalhes, ein! Interessante...

      Valeu pela visita e pelo comentário!

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  3. Muito bom....É a sua cara....De burocrata à Cronista

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    1. Valeu, Renilson!

      Nossa, que honra você por aqui! Meu guru profissional!

      Obrigada! Abraços efusivos!

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  4. Hendye, fiquei estarrecido com as crônicas (cartas imaginárias), sabia da sua capacidade intelectual, mas este dom com as palavras para mim é "surpresa", surpresa neste estilo.

    Este blog estará na lista dos meus favoritos, com certeza vou ser um dos leitores assíduos de suas cartas!

    Grande abraço,

    José Ricardo

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  5. ahhhhh... também sou filha única mas nunca tive um amigo imaginário :(

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