Essa
semana o pai de um querido amigo faleceu, e eu me vi sem palavras que pudessem
confortar sua dor e demonstrar meu pesar.
Lancei
mão de um poema de Vinicius de Moraes, que relera há poucos dias, sem saber que
estaria próximo o infeliz momento de empregá-lo. Na ocasião, apenas achei-o
sublime.
Lembrando
do poema, senti-me satisfeita por ter o livro na estante. Em vez de empreender
uma mecânica e fria busca no Google, com o livro em mãos pude folhear suas
páginas à procura do poema, o que proporcionou ao momento a intensidade que ele
merecia. E pude transcrevê-lo de próprio punho da página ao cartão,
materializando meus sinceros pêsames com o cuidado e a delicadeza que meu amigo
com toda certeza merece de mim e do mundo.
POEMA
DE NATAL
(Vinicius
de Moraes)
Para
isso fomos feitos:
Para
lembrar e ser lembrados
Para
chorar e fazer chorar
Para
enterrar os nossos mortos –
Por
isso temos braços longos para os adeuses
Mãos
para colher o que foi dado
Dedos
para cavar a terra.
(...)
Pois
para isso fomos feitos:
Para
a esperança no milagre
Para
a participação da poesia
Para
ver a face da morte –
De
repente nunca mais esperaremos...
Hoje
a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos,
imensamente.
Escrevi os trechos acima, e só então tive a profunda compreensão da beleza e da imensidão dos dois últimos versos, os quais eu sabia de cor, mas não de coração. Acho que a beleza do poema conforta, e a redenção dos últimos versos traz esperança aos que crêem. Não uma vã esperança de impedir a morte, posto que já consumada, mas de transcendê-la.
E me senti, de certa forma, aliviada pela compreensão ter surgido do luto alheio.
E um pouco culpada pela sinceridade do pensamento.
Hendye Gracielle
_______________
PS.: está na página 88 do livro “Nova
antologia poética”, de Vinicius de Moraes. Edição da Companhia de Bolso, os
poemas foram selecionados por Antônio Cícero e Eucanaã Ferraz.
Sou grata à querida colega Luana, que me
presenteou com o livro por ocasião de minha formatura, com a gentil
dedicatória: “És preciosa aos meus olhos”. Que delicadeza!
És preciosa aos olhos de todos nós, amada!
ResponderExcluirLindo o blog... o "Jorge" deve estar imensamente FELIZ! Te amamos... Deus te abençoe! ♥♥♥
Tia Flávia e Cia
Valeu, Tia! Também te amo! Beijos!
ExcluirUm conhecido meu diria que o blog e os textos estão "acima da matéria", mas eu prefiro usar as palavras de uma outra coleguinha que, de maneira simples e prática, demonstra sua admiração pelas coisas... "DOIDO DEMAIS!!!"
ResponderExcluirO blog tá show! Mais uma vez, "VC BRILHOU!"
Eveline
Hendye, você é phoda! (sim, isso é um puta elogio!)
ResponderExcluirSão tantos assuntos abordados diante de um só gatilho, é difícil até pra comentar! Concordo com a questão da "transcendência" mas seria adorável poder ouvi-la falar sobre isso ;)
PS.: que orgulho tenho da SUA estante, rs =)
Colega querido, valeu pelo incentivo!
ExcluirHá pessoas que economizam nos carinhos públicos; você, felizmente, não é dessas, a notar pela efusividade dos elogios, que foram muito generosos!
Adorei que você veio ler meu blog, e fiquei muito feliz pelos comentários!
Obrigada. Bjs!
Minha amiga culta INSUPORTÁAAVEEEELLLL, hehe...
ResponderExcluirConcordo com o João,fodástica, principalmente em relação à transcendência, como já postei pra vc no face. Assunto interessante d ser discutido, hein?!
Juntando vc e o João então, vai sair cada coisa, heheh...
Dalila !!!!!!!!
Ei, colega! Fodásticos são vocês, meus amigos queridos...
ExcluirAcho que o assunto rende muita prosa mesmo.
O problema é que, se nos encontrarmos pessoalmente pra conversar, você e João vão estar sóbrios, e eu nem tanto, provavelmente...rsrs.
Aí eu já não sei no que vai dar...
Valeu demais! Beijos!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir