Não se afobe não, que nada é pra já
O amor não tem pressa, ele pode esperar
Em silêncio
(...)
Não se afobe não, que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá, se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia deixei pra você
(Futuros amantes
– Chico Buarque)
Estimado amigo imaginário,
Chegou-me ontem a carta sua, remetida aí das
cercanias do inexistente, contando sobre as aflições sentidas pelo coração. Respondo
apenas hoje, porque primeiro deixei-me impressionar pelas suas palavras de
desencanto, para só depois articular ideias que pudessem alentá-lo dos
desenganos da alma.
Na breve correspondência, você conta ter lido “O
amor no tempo do cólera”, do Garcia Marques. Sua conclusão é de que na história
não havia amor, apenas personagens resignados e possessivos. E medita se seria
possível um amor irrealizado que durasse, como no livro, 51 anos, 9 meses e 4
dias, sem que nada se fizesse para matá-lo, ou para finalmente fruí-lo. Num
arroubo de escapismo, você proclama que, doravante, lerá apenas os clássicos
infantis, onde a felicidade é sempre inesgotável. Sente-se por fim angustiado,
“com um abismo no peito onde o eco não tem fim”.
Meu amigo tão querido, sua aflição é também a
minha. Tenho sentido que a angústia que o oprime não é fruto da história
contada no livro, mas sim de sua própria história, de que o livro foi apenas o
eco que se fez ouvir neste abismo sentimental.
Não se aflija tanto assim. Sofrer com o respaldo
das artes, sobretudo as literárias, é infinitamente menos doído que sofrer
desamparado de todo. A obra que reflete ou revela ou exacerba nossas angústias,
as torna mais agudas, mais cortantes; entretanto, não há dúvida de que as torna
também mais suportáveis. A literatura por vezes é nossa fuga, nosso escape,
nosso alento. A literatura é, no mais das vezes, nossa salvação.
Quanto aos desencontros passionais, aos laços que
se interrompem ainda plenos de afeto, não sou das melhores para conselhos
amorosos, mas uma coisa tenho como certa: não haveremos de fugir do amor; por mais
inconstante que seja, é sempre o que nos redime e nos consola das agruras dessa
nossa existência.
Sua carta de certo modo alegrou-me, pois sempre
conforta saber que não estamos sós em nossos conflitos e contradições. Talvez
sejamos os últimos românticos do século, e já temos idade pra morrer de amor.
Abraços efusivos de sua amiga de sempre, do lado
de cá da fronteira do real - o mundo dos (sobre)viventes,
Hendye Gracielle.
O bom da vida é morrer de amor e continuar vivendo! ♥
ResponderExcluirEsse não é um dilema apenas seu, mas de todos nós, que temos no coração esse sentimento puro, soberano e que, por vezes nos enlouquece...Não porque amamos loucamente, mas por que amamos de grandemente, que chegamos a pensar que somos os únicos que amamos até o infinito de nossas almas... aí, isso pra mim é loucura! rs
Já sofri tanto por amor... ja morri tantas vezes... Mas, a vez o amor me deu a certeza que era ele mesmo, foi quando conheci o amor de MÃE... o amor incondicional... aquele amor do sorriso no meio do choro, no meio de uma brincadeira de criança... no meio da noite!
O amor fraternal... que tudo pode e nada espera! que tudo entende, porém, nada esquece!
Que tudo conforta, tudo abraça, tudo suporta!
O amor é a arma mais poderosa que podemos ter e usar...
Nos acalma, nos afaga e nos faz sentir que somos únicos... ♥
Te amo... ♥
Bjos!
Epa, temos uma filósofa do amor entre nós...rsrs.
ExcluirLindo seu comentário, Tia. Não temos dúvida de que o amor de mãe seja o mais sublime. E acho também que sempre que morremos de amor, renascemos com ainda mais sede de viver.
Beijos. Te amo!
Eu filósofa?? kkkkkkkkkkkk ai ai...que nada! é o amor que mexe com meus neurônios... rs será que ainda os tenho? rs ♥
ExcluirTe amo... a cada crônica, um pouquito mais! rs
Eh... Copiando o q vc escreveu um dia do meu comentário: Ah, sei lá, o q vou dizer desse texto? Concordo com o comentário da Flávia. E tbm gostei dos desenhos ;)
ResponderExcluirbjs!!!!!!!!!
Dalila.
Valeu, Dalila!
ExcluirOs desenhos são incríveis mesmo, Troche é foda!!!
Beijos!
É por isso que me orgulho tanto! Rebuscada e acessível! ;)
ResponderExcluirDoses cavalares de realidade ao ler "eco do nosso abismo sentimental".
Apesar de não ser nem um pouco conhecedor das artes literárias, entendo perfeitamente o que disse.
Hendye, mais uma vez, do car@$#@$!!!! ^^
PS: eu nunca entendo os desenhos, rs.
Valeu, coleguinha!
ExcluirQuanto aos desenhos, não entenda, sinta! Meu texto é a letra, os desenhos são como a melodia de uma música.
Bjs!
Assim como Riobaldo, acredito que viver é muito perigoso. E não é a violência urbana, as enchentes, a gordura trans ou o 21/12 que nos apavora...
ResponderExcluirViver é perigoso por que viver é o mesmo que amar. E amar sem morrer, é quase impossível.
Riobaldo diz, ainda, que o que a vida espera da gente é coragem. Acho que coragem pra fazer essa travessia e acreditar no inacreditável, de olhar pra daqui a 50, ou 30 ou 15 anos e sentir que "amores serão sempre amáveis".
Lindo texto. Inspirador e, em certa medida, reconfortante...
Coragem pra gente! E fé. E amor!
ExcluirObrigada pelo comentário lindo!
Beijos carinhosos.
A emoção não só embarga os olhos, mas também trava os dedos.
ResponderExcluirPutz!!! Nem sei o que comentar... Morri!
ResponderExcluirValeu, meu amigo poeta!
ExcluirAi, o amor.....
ResponderExcluirQuantas vezes morremos por ele, juramos nunca mais senti-lo e.....
Vivemos tudo de novo! Aff!
Como disse a nossa filósofa de plantão: "Já sofri tanto por amor..."
Quem nunca sofreu?
Que beleza teria a vida sem o amor? Amor é magia.
Segundo Camões: "O amor é fogo que arde sem se ver. É ferida que dói e não se sente....."
Mas também, segundo Camões, o amor é bom, não quer o mal, não sente inveja ou se envaidece......
Que coisa linda é o amor!
Mas sublime mesmo, é o amor de mãe.
Incondicionalmente, te amo!
Beijo.
Valeu, mãe!
ExcluirTambém te amo demais!
Beijos!