domingo, 21 de outubro de 2012

Show do Chico - Parte 3 (final)




Chico é antigo e sempre novo. No show, músicas recentes foram intercaladas aos clássicos, melodias consagradas em harmonia com arranjos moderninhos. Ao longo da noite nos deleitamos ouvindo todas as canções do novo álbum, “Querido Diário”, “Rubato”, “Nina”, “Barafunda”, “Sinhá”, “Sem você 2”...

Eu ainda não quis saber quem é a lambisguete que está namorando Chico Buarque, mas o blues “Essa pequena” e a balada “Se eu soubesse” entregaram: ele está apaixonado! Dessas paixões que nos deixam bobos, ridículos como as melhores cartas de amor: “E aí, larará, larará, liriri...

Chico é apaixonante!


O samba também estava lá, com cara de CD novo. O músico Wilson Neves foi cantar com Chico o dueto “Sou Eu”. Tinha cara e jeito de malandro, e uma voz de sambista que quase apaga o miadinho frouxo de Chico. Mas a combinação deu certo, e com tanta naturalidade passaram ao “Teresa na Praia, não é de ninguém, não pode ser minha, nem sua também” que eu já não sabia se estava em Sampa ou no Rio, no fino da bossa em Copacabana.

Chico é carioca!


Do alheio, além de “Teresa na Praia”, Chico cantou a versão do rapper Criolo para a música “Cálice”. Foi, digamos, inusitado. Na sequência teve arranjo rock and roll para a música Baioque. “Quando choro é uma enchente surpreendendo o verão / é o inverno, de repente, inundando o sertão”.

Junto com “Geni e o Zepelim”, foram os momentos mais agitados do show.  Eu devia estar muito hipnotizada, porque Chico cantou “joga bosta na Geni”, e eu achei lindo! Estava tudo lindo naquela noite.

Chico é lindo!


Também não faltou o desespero elegante das personagens sofridas de Chico Buarque. “Chorei, chorei, até ficar com dó de mim / E me tranquei no camarim / Tomei um calmante, um excitante, e um bocado de Gim”.

Combinou com o bolero “Sob medida”, quando olhou bem nos nossos olhos e cantou: “Eu não presto, eu não presto”. Eu vi cretinice nesse olhar.

Chico é cafona!


Mas Chico Buarque arrebatou a pequena multidão que o assistia, e arrebentou comigo, foi nos momentos em que cantou as delícias de outrora, criadas no tempo da delicadeza.

Foi sublime, foi etéreo, foi inebriante. Ou no meu português corrente: foi de lascar!

“O meu amor”, “Desalento”, “Futuros amantes”, “Teresinha”, “Anos Dourados”. Naquela noite eu ouvi muitas das canções que inundam meu coração, canções que me despertam e canções que me acalentam.

Parece que dizes, te amo, Maria / Na fotografia, estamos felizes”. Veio a emoção, o choro contido, minha alma se abriu por inteiro. Uma mão querida providencialmente tocou a minha, entrelaçamos os dedos, nessa hora eu me salvei e me perdi...

Chico é emocionante!

São Paulo, sexta-feira, 06 de abril de 2012. Eu fui feliz!

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